domingo, 7 de março de 2010

Capítulo 11 - Mensagem

Aquele foi o pior domingo da minha vida.
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Deitado na minha cama, repassei mentalmente todos os acontecimentos do dia anterior: O mergulho para o inconsciente, a visão do jovem demônio sobre mim, os rostos de preocupação me rodeando na Enfermaria da Constantine, a mão de Serina alisando os meus cabelos... Era como andar em uma Montanha-Russa de emoções.
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No meio da manhã, Daniel me ligou, perguntando como eu estava me sentindo. Ele parecia realmente preocupado, mas parte do meu cérebro se perguntava como ele havia conseguido o número do meu telefone.
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- Foi como o prof. Novaz explicou - disse eu, agradecendo em silêncio a boa desculpa que o socorrista da Academia tinha providenciado para mim - Com esse estresse do último semestre, a pressão para a Faculdade... Sabe como é, a gente acaba se alimentando mau e... resultou nisto. Desidratação.
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Eu sei, estava contando uma mentira deslavada. Não estava desidratado; nunca em minha vida eu havia deixado de comer por qualquer coisa e muito menos estava preocupado com a escola. Porém eu não podia simplesmente contar para ele o que de fato aconteceu.
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- É, eu seu como é - continuou Daniel, sua voz um tanto paternalista - Mas isso não pode se repetir! E se a Equipe de Lutas por acaso ficar desfalcada para as Regionais e precisarmos de um substituto? O que iríamos fazer?
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Precisei de meio minuto para enteder o que o rapaz do outro lado da linha estava me falando. E precisei de mais um minuto para compreender boa parte das três semanas que haviam passado.
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A aproximação repentina de Daniel e dos garotos da Equipe nada tinha a ver com os irmãos Biel. De alguma forma, o capitão e os outros rapazes descobriram o meu pequeno duelo contra Oliver Nigro e dois de seus cumpinchas mais habilidosos. E agora, para meu espanto, eles me queriam perto do time - como um verdadeiro reserva de luxo.
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- Eu... eu não sei o que dizer.
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- Não se preocupe com nada - disse Daniel - Apenas se cuide, valeu? Nos vemos amanhã na escola.
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Antes que eu me recuperasse da surpresa e conseguisse recusar o convite de forma gentil, a ligação acabou.
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- Ótimo... agora sim ferrou tudo - murmurei para mim, recolocando o aparelho no gancho e indo para a cozinha preparar o almoço.
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Como eu esperava, nem Cirus nem Angel estavam em casa. E, mesmo se estivessem, seria eu mesmo quem iria preparar a refeição de qualquer forma. Por isso, enquanto remexia na geladeira da cozinha procurando algo que fosse rápido e fácil, tudo o que eu fazia era pedir a Deus que nenhum integrante da Equipe de Lutas da Constantine se contundisse durante esse último semestre.
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Já estava bastante difícil de me concentrar só nas ações psicóticas de uma criatura das trevas vingativa. Acho que não precisava também de um processo por Lesões Corporais Graves para arruinar a minha vida.
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Foi pensando nisso que eu acabei me lembrando de Líon e Serina. Eu queria ligar para os dois, saber como eles estavam, mas sabia que seria esquisito se eu o fizesse. Segundo os últimos acontecimentos, era eu quem precisava de atenção, não os gêmeos. Perdido neste torpor, escutei a porta de entrada da Casa-de-Bombeiros ser aberta e os passos pesados de Cirus se aproximarem da cozinha, seu estômago roncando ruidosamente.
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- Hum, torta de queijo! - exclamou meu pai, pegando uma garrafa de água e se escorando no mármore da pia, onde eu preparava o almoço - E aí, garoto, como você está se sentindo?
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- Normal - respondi, olhando diretamente para o tabuleiro untado de mantega em minhas mãos.
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Cirus me encarou, esperando que eu continuasse a frase, porém eu não falei nada. Quando o meu pai me pegou ontem na escola, não comentei nada sobre o sonho que tive, o sonho que me fez desmaiar do nada. Entretanto, como sempre, ele sabia que eu estava escondendo algo dele. E como sempre, eu me sentia culpado por isso.
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- Onde está a Angel? - perguntei, tentando desesperadamente mudar de assunto.
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- Não sei - disse ele, levando mais uma vez a garrafa de água a boca - Hoje de manhã, quando estávamos na garagem, ela disse algo sobre ''repor nossos estoques''... Sabe como aquela menina é, no mínimo tá aprontando alguma coisa.
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Concordei com a cabeça, mas ainda assim não olhei para ele diretamente.
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Depois de alguns minutos, logo após eu ter colocado a massa da torta no forno para assar, Cirus de esparramou em uma cadeira e me avaliou, seus olhos cinzentos tão brilhantes quanto o flash de uma máquina fotográfica.
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- Será que já disse para você que eu te acho o pior mentiroso do mundo?
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Sentindo um arrepio na espinha, me virei para ele e suspirei, obrigando os meus lábios a falarem tudo o que eu estava ocultando desde a noite anterior.
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- O que aconteceu na escola não foi um desmaio clínico - disse por fim, o peso que estava sobre as minhas costas se agravando gradativamete - Algo me fez ficar inconsciente...
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- ... e eu acho que sei quem foi - completou Cirus, suas feições duras e sérias.
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- Pai, como isso é possível? - questionei, lutando para que minha voz mantivesse o tom calmo - Eu não sei o que ele está planejando, mas eu sinto como se estivesse enlouquecendo!
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- É esse o seu problema, Adrian - murmurou meu pai, se colocando ao meu lado em um átimo de segundo, seu braço esquerdo descansando de forma gentil nos meus ombros tensos - Você se deixa abalar facilmente. De cara ele percebeu isto, e está óbvio que o demônio está usando suas emoções ao favor dele.
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Mesmo eu não querendo admitir, Cirus estava coberto de razão ao meu respeito. Por isso que, depois de servir o almoço para nós dois (Angel ainda não havia aparecido) e arrumar a bagunça que tinha ficado na cozinha, fui para o meu quarto e me obriguei a pensar com clareza.
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Eu sabia que meu pai não iria me interromper pelo resto dia - domingo era o ''Dia de Total Reclusão'' dele - então não vi necessidade de trancar a porta.
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Durante a tarde inteira, e boa parte da noite, vaguei de um lado para o outro - forçando a mim mesmo a me controlar. Se aquela criatura estava pensando que iria usar meus próprios medos contra mim mesmo, ela podeira tirar o seu par de asinhas couráceas da chuva.
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Antes que desse por mim, a escuridão da madrugada se dissipou e os primeiros tons do alvorecer iluminaram o vasto céu aquarelado de Ventura. Fiquei um curto tempo sentado na minha cama, observando a constelação de poeira matinal atravessar a janela do quarto, até que o relógio digital soou o seu alarme e eu me vi levantando e me arrumando mecanicamente para o novo dia de escola.
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Não procurei por Cirus, muito menos por Angel. Para falar a verdade, nem tinha a noção se minha tia havia voltado para casa ontem. Tudo o que eu queria era sair dali e ver se Serina e Líon estavam bem... Se nada de ruim havia acontecido com eles enquanto estava longe. Por isso que eu acho que dá para imaginar de uma forma bastante clara como eu fiquei surpreso quando abri a porta da Casa-de-Bombeiros, pronto para partir, e me deparei com os gêmeos empoleirados na soleira da entrada - os rostos idênticos franzidos em apreensão.
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- Hei, o Belo Adormecido finalmente saiu do castelo! - exclamou Líon, ao mesmo tempo em que Serina me estendia um grande copo de papel repleto de chocolate quente, seu sorriso solar se espandindo pelo rosto.
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- Nós estávamos preocupados - disse ela, encolhendo os ombros delicadamente assim que viu a minha expressão confusa - Não paramos em casa ontem, mas não fiquei um minuto tranquila... Você realmente nos assustou no sábado!
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De forma inconsciente, a garota ergueu a mão direita e passou pelo meu braço, como se para ter certeza que era eu mesmo ali na frente dela. Em resposta ao seu toque, pude sentir minhas orelhas ficarem quentes, e o velho rubor se espalhando pelas minhas buchechas.
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- Eu... eu estou bem - disse por fim, assim que consegui tomar o controle das minhas cordas vocais. - Foi só um ataque de fraqueza. Não precisava se preocupar.
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Muita mais poderosa do que da primeira vez, a sensação da ligação que me tomava sempre que eu encontrava Serina encheu o ar à nossa volta como uma tempestade elétrica. Por um segundo, me permiti mergulhar nos olhos acastanhados da garota, sua pele castanha resplandecendo contra meu rosto cor-de-neve.
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- Será que o dois já terminaram de flertar? - balbuciou Líon, esfregando suas mãos uma na outra - O dia está lindo como sempre, mas aqui fora parece que está caindo neve!
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Como se despertasse de um sono profundo, Serina olhou envergonhada para a mão que continuava a alisar o meu braço esquerdo. Assim que ela recolheu o seu toque, minha pele protestou indignada. Fingindo não escutar o martelar desvairado do meu coração, tranquei a porta às minhas costas e acompanhei os dois na diração da escola.
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- Hum, então Adrian... - começou Serina, passando o seu braço sobre o ombro do irmão, tentando ao máximo disfarçar o que havia acabado de acontecer - Você soube? Já começaram a planejar o nosso Baile de Formatura.
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Em resposta à novidade, senti os meus ombros se encolherem e minha garganta se fechar com um ruído fraco.
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O Baile de Formatura da Academia Constantine era mais uma tentativa frustrada e clichê do Diretor Nigro de induzir cada veterano de sua instituição à se sentir em um filmeco adolescente feito para a televisão. Como a cerimônia era o auge do reinado dos Privilegiados, não precisava pensar muito por que eu não gostava nem um pouco me de imaginar pisando no salão de festas do Grand Hotel Ventura - onde sempre aconteciam os eventos de gala da cidade - na noite do Baile.
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Para piorar as coisas (ou refrescar ainda mais a minha memória), assim que chegamos ao campus da Academia, vi um grupo de zeladores estendendo na Torre do Relógio uma enorme faixa vermelha com os dizeres: ''16º Baile Anual de Formatura - Uma Noite Além da Imaginação (Ingressos na Secretaria)''.
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- Urgh, que tipo de tema é esse? - indagou Líon, olhando tão exasperado para o cartaz quanto eu - ''Uma Noite Além da Imaginação''?! Já posso imaginar as fantasias bizarras que vão surgir no dia...
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Serina parecer indginada com o comentário do irmão. Depois de olhar do novato para mim, ela meneou a cabeça com reprovação e saiu apressada na direção do Pavilhão de Tortura, não antes de murmurar um ''garotos...'' impiedoso para nós dois.
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- Mas o que foi que eu fiz? - resmunguei admirado, ao passo que olhava o rastro deixado pela garota enquanto se afastava de onde estávamos - Eu não disse nada de ruim sobre esse maldito Baile!
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O garoto me encarou com uma careta que dizia claramente coisas como ''ela estava jogando verde'' e ''uma imagem vale mais do que mil palavras'', mas no fim, ele acabou falando com um calma bastante fingida - Basta comprar os convites, levá-la para esta tal festa e ela vai se esquecer de tudo... Eu garanto.
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Sentindo o sangue se concentrar em minha face, encarei Líon sem saber o que fazer. Revirando os olhos deliberadamente, o rapaz girou nos próprios calcanhares e me puxou para os vestiários, seus passos tão apressados que quase me obrigou a correr atrás dele.
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Para nosso espanto, não se via o sinal da Treinadora Kara em lugar algum da entrada do Pavilhão - o que era bastante atípico, já que toda as segundas-feiras ela recebia os alunos do último ano em frente ao portão de folhas duplas do ginásio.
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- Deus, esse lugar está tão escuro! Onde está todo...
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Antes que Líon pudesse completar a pergunta, um grito alto e agudo quebrou o silêncio do Pavilhão e se chocou contra a parede atrás de nós, de forma fria e cruel. Não pensando em nada, olhei brevemente para o novato ao meu lado e corremos o máximo que podíamos - o máximo que eu podia sem revelar o meu segredo - e inrrompemos na área da piscina, o sangue fervendo em minhas veias.
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- Eu não estou enchergando nada! - exclamei, tateando as cegas pela escuridão, à procura da caixa de força do Pavilhão de Tortura. Quando encontrei o interruptor certo, puxei a alavanca para cima e cobri a meu rosto, esperando que as minhas pupilas se dilatassem até que eu me acostumasse com a forte luz artificial e pudesse ver alguma coisa.
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Parado á alguns metros na minha frente se encontrava Líon.
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O garoto estava meio curvado e meio agachado sobre uma forma emaranhada e um pouco estendida no chão de mármore, seu rosto oculto pelas sombras produzidas por seu cabelo lanzudo. Só pude destinguir os contornos outrora elegantes e retos de Serina quando me aproximei da cena, o corpo de seu gêmeo a cubrindo gentilmente - como se a protegesse de algo que eu ainda não conseguira decifrar.
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- O que foi que aconteceu? - sussurei sem fôlego, minha voz tomada pelo choque de ver as lágrimas de terror escorrerem livremente pela face delicada da garota, seu uniforme desalinhado e amarrotado.
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Com um leve movimento, o garoto ergueu o queixo e me indicou o que estava assustando sua irmã, seus grandes olhos escuros denunciando todo o medo que ele estava sentindo no momento. Um pouco mais adiante, uma mancha vermelha escorria pelo chão.
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Foi o cheiro que denunciou tudo. Antes que eu chegasse mais perto, o odor metálico e pungente me atingiu em cheio. Respirando forte, olhei para o piso aos meus pés e me deparei com uma única palavra escrita no chão, em grandes letras vermelhas: CHEQUE.
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- Isto... isto é sangue - suspirou Serina com força, as lágrimas ainda manchando o seu rosto - Isto foi escrito com... com sangue.
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Mas aquilo não era tudo.
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Um pouco mais à frente, o corpo de um homem alto e atlético boiava de bruços na piscina, uma horrenda mancha carmesim tomando conta da água ao seu redor. Meu estômago embrulhou na hora, mas nada teve haver com o sangue espalhado por todo o lugar.... Era pelo simples fato de eu conhecer quem era o estranho, mesmo estando de costas para mim.
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Ele era o taxista - o cara que estava ao meu lado todas as vezes em que sonhava com o demônio que perseguia Líon.
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- Temos que sair deste lugar... Agora!
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Sem dar chances do novato ou sua irmã protestarem, guinchei os dois pelos ombros e os levei à passos largos para fora do Pavilhão de Tortura.
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Eu tinha certeza, a mensagem escrita no mármore era para mim. E, por mais que não parecesse, o seu significado era bastante simples e claro: a primeira rodada do jogo havia acabado... e se eu não corresse logo, esta seria apenas a minha primeira derrota.

7 comentários:

  1. MATE:
    Esse foi de prender a respiração, adorei!!!

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  2. MAIS UM CAPÍTULO EMOCIONANTE, NA EXPECTATIVA PELOS PRÓXIMOS

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  3. Esse capitulo foi otimo!
    o.o muito bom mesmo. Adorei.

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  4. aaaaaah, QUE-CAPITULO-FOI-ESSE?
    nooooooossa Henri, como voce me para o capitulo nessa parte? :O IFDHADIOASHDIO naaaaaaao faz isso, quando eu volto a ler termina assim, aaaaaaah, nao pode ser UDIAHDIUAHDSIUD
    to ansiosa pra ter mais tempo pra ler mais quando voce postar novos capitulos,
    bjs bjs :*

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  5. Felipe Reino Ribeiro17 de março de 2010 às 00:00

    Henri, obrigado pelo apoio!
    Não sei se isso é bom mas...
    Fico feliz em saber que não fui o único que passou por esse tipo de situação.
    Não conhecia ainda seu trabalho, li um pequeno trecho deste capítulo e amei, vou começar a ler do 1º capítulo!!!
    Desculpe estar despejando alguns problemas aqui, mas gostaria de saber se você teve que fazer mudanças drásticas na história? Acredito que saiba o motivo da pergunta.
    Eu, pela primeira vez, realmente me apaixonei por uma história que escrevia e admito estar relutando para não ter que modificá-la.
    Diferente de você, eu não curtia muito histórias de anjos e nem podia ler sobre o tema (aqui em casa isso é meio que tabu, coisa do "demo"), mas também resolvi usar o tema por ter poucas histórias de anjo e acabei me afeiçoando ao estilo.
    Admito que errei em não pesquisar melhor e agora estou aqui tentando descobrir um modo de reescrever a história sem afetar muito o que venho planejando para "Êxodo", a continuação da história.
    Nossa, desculpe por estar te enchendo com meus problemas, mas como você já passou pela mesma situação me senti mais seguro em desabafar com você!!!
    Obrigado novamente pelo apoio, vou começar a acompanhar esse blog e seguir em frente com a vida!!!

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  6. Novamente obrigado pelo apoio!
    Realmente é bom trocar idéias com outras pessoas que escrevem histórias.

    Eu ainda não tive a oportunidade de ler Hush,Hush (se você já leu, por favor, um help aqui^^). Tudo que sei é o que li em resumos, comentários e coisas do tipo, nunca revelando mais detalhes da história.
    Até onde sei eu terei que fazer apenas modificações na personalidade da minha personagem principal e algumas pequenas alterações excluindo e adicionando cenas.
    A continuação está salva, por enquanto, mas isso é algo para o futuro.
    Quanto ao título, bem, esse já é uma insatisfação minha, pessoal, acabei tomando a semelhança entre os títulos como um motivo para justificar a mim mesmo uma futura mudança.

    Enquanto estive planejando o quais modificações faria na história, um leque de novas possibilidades se abriu. Acho que será como você disse, um mal que vem para o bem. Estou vendo nisso a oportunidade de colocar em minha história alguns personagens que descartei, porém gostava muito, novas cenas e quem sabe uma deixa não surge para o segundo livro (e quem sabe um terceiro?), mas isso só o futuro para dizer.

    Ah! Ontem li o 1º, 2º e 3º capítulo do seu livro e estou adorando! Vou continuar lendo e acompanhando o blog. Visitei também o "Fantástico mundo de Henri B. Neto", amei as capas! É você mesmo que faz? Ficaram muito boas!!
    E pode deixar, não vou desistir da saga. Além de ser o meu sonho, já tenho algumas pessoas que esperam por mais e mais capítulos de Terra dos Anjos!

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  7. o seu livro é mt mt mt mt bom !
    escreve logo a continuação :D

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