- Não me mande ficar calmo! - bradou o Diretor Nigro, no auge do seu descontrole - Um homem foi encontrado morto na piscina da minha escola! O que esperava que eu fizesse?
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- Eu não esperava nada... - respondeu o Delegado Maltha, sua voz baixa e cautelosa - só gostaria que o senhor mantivesse um pouco de compostura na minha Delegacia, se é que posso lhe cobrar isto.
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Qualquer que fosse a resposta que o Dir. Nigro esperava, certamente não era aquela. Com um suspiro forçado, ele encarou por um segundo o homem de olhos verdes por detrás da mesa atravancada de papéis à sua frente e começou a caminhar de um lado para o outro no pequeno escritório - parecendo mais do que nunca um velho leão sufocado em uma jaula estranha.
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Líon, Serina e eu havíamos tido o prazer de presenciar uma verdadeira Disputa de Poder, no melhor estilo ''o meu é o maior''... E pelo o que eu conseguia entender, o pai de Daniel tinha acabado de levar a melhor. Mas, por mais interessante que aquele duelo de egos poderia parecer, eu não estava nem um pouco interessado.
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Nós três já estávamos presos naquele escritório pequeno e escuro à mais de quatro horas, tive que prestar depoimento para o escrivão no mínimo umas duas vezes, meu cérebro latejava forte contra o meu crânio e tudo o que eu queria era ir embora dali o mais rápido possível.
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Não fazia sentido eu ficar parado, esperando, sem fazer nada... A polícia simplesmente não tinha meios, nem era páreo para pegar o verdadeiro culpado. Somente um Arcano poderia deter o assassino das sombras; somente eu tinha que acabar com a raça daquele demônio ruivo.
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Alheia à confusão que se passava em minha cabeça, Serina tentava se manter calma respirando com força - sua cabeça recostada pesadamente no ombro de Líon, enquanto sua mão esquerda segurava firme a minha mão esquerda. Se eu não soubesse o motivo por detrás daquele gesto, eu teria amado a sensação de sua pele contra a minha, de nossos braços se tocando levemente...
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Mas eu sabia. Muito mais do que os gêmeos poderiam suspeitar. E aquilo me matava. Afinal, como algo tão ruim pode acontecer com pessoas tão boas?
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Do outro lado do sofá apertado que dividíamos, o novato mantinha o seu olhar perdido, as mãos pálidas acolhendo com energia um livro atarracado e grosso de capa dura. Pode parecer maluquice, mas foi só neste momento específico que percebi que Líon sempre vivia colado com algum livro, o carregando para cima e para baixo. E aquela deveria ser a terceira ou quarta vez que eu o via com o mesmo - um magnífico exemplar negro, sua cobertura ostentando uma bela e imponente borboleta, posicionada logo acima das letras douradas do título O Intercessor.
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- Ótima capa - sussurrei, me agarrando à idéia de uma conversa sadia e fútil com todas as minhas fibras - Pelo título parece ser bom...
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Líon ergueu seu olhar abatido para mim e se forçou a sorrir, seu rosto mais velho do que ele realmente era.
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- É fantástico - disse ele de volta, sua voz mais fraca do que a minha - Com certeza está entre os meus dez preferidos.
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- Legal - comentei, espiando de relance o caminhar imperativo do Diretor Nigro - Então, ele fala sobre o quê?
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Com um riso apagado e baixo, Serina tirou a cabeça lentamente do ombro do irmão e me encarou, sua mão pulsando marotamente contra os meus dedos.
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- Você vai ser arrepender de ter feito essa pergunta - cochichou a garota, indicando seu gêmeo com o queixo - Li é a maior ''traça-de-biblioteca'' que eu já conheci na vida, pode confiar em mim.
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Antes que ela percebesse, Lion se sacudiu e empurrou a irmã para o lado, tentando se afastar dela. Em um dia normal, eu teria certeza que aquela havia sido uma implicância comum entre os dois, mas hoje não. Era visível o nosso esforço para parecermos naturais, e eu não os culpava por isso - eu mesmo me esforçava para parecer o mais natural possível.
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- Como eu estava dizendo - continuou o novato, fazendo questão de excluir a garota da conversa - O livro é um romance, mas de fantasia. Ele conta a história de um Agente da Morte que se apaixona pela jovem de quem ele teria que recolher a Alma... Mas é claro que nada é tão simples quanto parece, e é aí que a história fica realmente boa.
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- Legal - repeti, tentando controlar a expressão que havia surgido em meu rosto assim que ouvi Líon dizer ''Agente da Morte''.
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Assim que me recostei novamente no meu canto do sofá, a porta do escritório foi aberta e um jovem policial se esgueirou para dentro, desviando-se da marcha metódica do Dir. Nigro, até se aproximar da mesa onde Delegado Maltha estava.
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- Senhor, os responsáveis das testemunhas já chegaram.
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- Muito bem - disse o delegado, retirando os olhos da papelada que examinava e se virando para o sofá onde os irmãos Biel e eu estávamos encolhidos - Agora já podemos tomar o depoimento dos gêmeos... garoto Regis, o senhor está liberado.
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Com um breve aceno de cabeça, me despedi de Líon e, depois de apertar um pouco mais a mão de Serina, acompanhei o policial para fora do escritório.
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Logo depois de cruzar a porta, um casal se aproximou de mim e tive que parar. Eles não eram pessoas conhecidas, mas eu sabia muito bem de quem eles eram pais. O homem era alto e forte, de cabelos cor-de-bronze cuidadosamente penteados e o rosto quadrado, porém bondoso. Já a mulher era um pouco mais baixa que ele, seu rosto redondo e delicado igual à de um anjo, a pele resplandecendo no mais perfeito tom de ébano.
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- Você é o Adrian Regis, não?
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Sem dar tempo para qualquer resposta, a mãe dos irmãos Biel me puxou para mais perto e me enlaçou em um longo e profundo abraço. Eu poderia ficar um pouco embaraçado com a situação, mas só naquele gesto eu conseguia sentir todo o amor e adoração que a mulher nutria pelos filhos fluir para mim. Um pouco atrás da esposa, o pai de Líon e Serina me examinava com inegável respeito, o agradecimento mudo presente em seu olhar.
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Mesmo depois de me separar do casal e observar os dois entrarem juntos no escritório do Delegado Maltha, a minha voz ainda não havia voltado. Agora que eu conhecia pessoalmente os pais dos gêmeos, eu mais do que nunca me sentia a maior fraude do mundo. Um Arcano completamente incompetente, que não conseguia nem lidar com um demônio Comum.
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Como eu iria me sentir se aquela família fosse destruída, por uma falha minha?
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O jovem policial que me aconpanhava indicou o caminho para a saída e eu o segui. Do lado de fora, Cirus e Angel me esperavam, meu pai ainda vestindo o uniforme da Brigada de Paramédicos. No início eu achei ótimo ter os dois ali, assim eu falaria logo tudo o que tinha para contar, mas depois de ver as expressões sérias tomando o rosto de cada um, não sabia mais se aquela era uma boa idéia.
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- Adrian, precisamos conversar...
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Eu não disse! Só por essa frase do Cirus eu sabia que vinha mais bomba na minha direção. E foi com esse peso no estômago que eu segui meu pai e minha tia até o estacionamento deserto e entrei relutânte no nosso Mustang vermelho.
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- Legal, podem acabar comigo de uma vez! - comecei, meu sangue correndo à mil por hora nas minhas veias - Mas eu só gostaria de lembrar que esta é a minha primeira Missão, logo eu...
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Não me dando chances de continuar a minha defesa, Cirus virou-se para mim do banco do motorista e jogou no meu colo uma pesada pilha de jornais e recortes velhos. Por um segundo, a única coisa que eu consegui fazer foi ficar olhando para o bloco de papel àspero em minhas mãos, me perguntando aonde o meu pai queria chegar. Era certo que eu esperava o maior sermão que alguém já temera receber na vida, mas aquilo com certeza não se enquadrava em categoria alguma de punição.
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- O que significa tudo isto?!
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- Apenas leia as notícias, está bem?
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Era isso, só ler as notícias... Isto estava ficando pior do que imaginava.
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- Será que você pode fazer isto um pouquinho mais rápido? - disse Angel, remexendo-se com impaciência no seu banco.
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- Tá bom, tá bom. Não precisa ficar irritadinha! - respondi com acidez, ao mesmo tempo que pegava o primeiro jornal da pilha.
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Antes mesmo de eu desdobrar a primeira página, o choque me atropelou feito um trem desgovernado. Encabeçando uma notícia de destaque, a foto de um rapaz ruivo e bonito, com profundos olhos negros, me encarava sorridente e meio debochado - como se soubesse o salto vertiginoso que o meu coração dera ao vê-lo ali.
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- Mas... mas... é ele! É o demônio que está tentando matar o Líon!
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- Sim, foi o que Angel e eu supomos - comentou Cirus, seus olhos cinzentos indo do papel nas minhas mãos até o meu rosto - Agora vá até a página seis e leia a matéria completa.
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Obedecendo à meu pai com um profundo temor, corri as folhas do jornal rapidamente e encontrei a notícia relacionada à manchete, meu dedos tremendo tanto que eu mal conseguia distinguir os parágrafos de forma correta:
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POLÍCIA DE DUMONT ENCERRA INQUÉRITO SOBRE ACIDENTE
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Depois de três semanas de intensa investigação, o 12ª Departamento de Polícia dos Três Estados finalmente concluiu o inquérito sobre o trágico acidente ocorrido na rodovia que liga as cidades de Ventura e Dumont, envolvendo dois adolescentes e um jovem universitário.
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''Não foi um caso exatamente complicado'', declarou o Detetive Élder Castel - responsável por conduzir o caso, ''mas haviam uma dúzia de fatores que precisavam ser concluídos, antes que déssemos fim aos trabalhos e reuníssemos os arquivos''.
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Segundo o relatório oficial, o incidente ocorreu na noite de Sexta Feira (21), pouco antes da meia-noite. De acordo com a perícia, o taxista Omar Santin (32 anos) realizava sua última viagem acompanhando os irmão Líon e Serina Biel (17 anos), quando os três foram surpreendidos pelo estudante de medicina Alexander Morton (24 anos), que dirigia o seu conversível importado na contra-mão e acima do limite de velocidade.
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''O exames laboratoriais confirmaram que Alexander ingeriu uma grande quantidade de álcool e drogas ilícitas antes de pegar o volante, o que contribuiu para o acidente e, obviamente, o rápido falecimento do mesmo'', afirma o Detetive Castel, salientando os fatores que causaram o óbito do universitário antes mesmo da chegada da primeira ambulância no local do acidente.
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Apesar de terem sofrido apenas ferimentos leves, fontes ligadas aos dois passageiros e ao motorista do táxi informaram que os sobreviventes estão constantimente recebendo consultoria psicológica de uma junta médica do Hospital Geral de Dumont. Procurados pela nossa equipe de reportagem, nenhum dos envolvidos no incidente quiseram prestar uma declaração sobre o encerramento do inquérito.
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Mesmo tendo terminado de ler a notícia, por um bom tempo eu encarei apenas o jornal na minha frente.
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Naqueles poucos segundos de silêncio, o meu sonho se materializou diante de mim e eu pude visualizar perfeitamente o taxista Omar Santin ao meu lado, concentrado na estrada com todas as suas fibras. No banco de trás, as risadas altas e alegres de Líon e Serina eram liberadas aos borbotões, os dois nem imaginando o que iria acontecer a seguir...
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- Adrian, você está bem?
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Angel me observava com cautela, seus grandes olhos azuis me escaneando da cabeça aos pés.
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Eu gostaria de dizer à ela que estava bem - que aquilo me dera forças para continuar a minha missão - mas eu saberia que era uma mentira. A verdade era que, a cada dia que passava, as coisas pioravam mais. Descobrir que uma parte do meu sonho fora real, que esse tempo todo eu ''via'' os irmãos Biel no meu subconsciente, só me deixou mais arrasado ainda.
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- Alexander Morton... então, esse é o nome do demônio assassino.
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Nem Cirus nem Angel falaram nada sobre o assunto. Só menearam a cabeça em concordância, todo o peso do mundo pairando sobre os dois. Eles nem precisavam se dar ao trabalho de esboçar qualquer reação ao meu comentário, eu estava cem por cento certo quanto a isto.
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Com um lampejo, me lembrei do meu primeiro dia de aula e de meu pai lendo o jornal na nossa cozinha, falando sobre a conclusão das investigações de um acidente em Dumont envolvendo jovens. Depois, a imagem do Dir. Nigro, engolindo todo o seu autoritarismo e tratando Líon da forma mais afável que podia, me encheu a mente - só para ser substituída depois pelo próprio novato, sozinho na enfermaria e me confidenciando os problemas pelo qual a sua família vinha passando nos últimos tempos.
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- Como pude ser tão imbecil?... Como pude ser tão obtuso com relação aos sinais que me rodeavam?
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Mais uma vez, nenhuma resposta oral.
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Agora eu percebia que o demônio, Alexander Morton, não estava perseguindo só o Líon - mas também Serina e o taxista, Omar. Alexander Morton queria vingar a sua morte... Se vingar das três pessoas que haviam sobrevivido ao seu acidente fatal, que ele mesmo provocara.
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Fora por isso que a família Biel resolveu se mudar para Ventura. Eles estavam tentando reconstruir suas vidas novamente, bem longe das lembranças daquele terrível dia. Só que eles não contavam que a lembrança principal não estava nem um pouco disposta a ser esquecida.
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- Angel - comecei, me lembrando de algo que minha tia dissera assim que chegou na Casa-de-Bombeiros - eram eles, não eram? A família que você estava tentando ajudar em Dumont, mas que foram embora antes de você poder fazer qualquer coisa.
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- Sim - confirmou ela, simplesmente - mas eu não fazia idéia que eram eles quem você estava protegendo. Só fiz a ligação dos fatos ontem de manhã, quando encontrei o jornal na garagem. Infelizmente, ao que parece, foi tarde demais.
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- Não seja ridícula - a cortei, mais ríspido do que o necessário.
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- Como não?... Eu não sabia da existência do taxista, nem imaginava que ouvesse um acidente na história! Para mim, Alexander só estava perseguindo a família Biel por uma obsessão doentia... O pai dos garotos era tutor dele na Faculdade.
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- O quê?! - gorlejei, a confusão mais uma vez fervilhando em minha mente.
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- Você pode não saber, Adrian, mas Marcus Biel é um renomado médico-cirurgião... - enquanto falava, Cirus se inclinou sobre mim e pegou a instável pilha de jornais em meu colo.
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- Há um mês ele pediu transferência para o Hospital daqui da cidade, e só agora me dei conta do por quê - depois de uma rápida conferida, meu pai estendeu sua mão e colocou um pequeno recorte sobre a notícia que eu acabara de ler - Essa matéria aqui fala justamente da grande ironia causada pelo acidente: Um dos estagiários mais brilhantes que o Dr. Biel monitorava no Hospital Geral de Dumont quase causou a morte prematura de seus dois únicos filhos.
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Eu olhei para a fotografia séria do pai dos gêmeos e me lembrei do nosso pequeno encontro na Delegacia, à poucos minutos atrás. Será que ele suspeitava que seu ex-protegido ainda estava tentando destruir a vida de sua família?
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- Eu não sei o que pensar - disse por fim, jogando tudo que eu segurava no chão do Mustang - Parece que estou mergulhando em queda livre para dentro de um grande filme de terror...
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- Então acho melhor você se preparar por mais - recomeçou Angel, sua voz cantada e cristalina repinicando misteriosamente - Ontem à tarde, enquanto procurava mais informações sobre o Morton, acabei descobrindo algo que pode nos ajudar...
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Abrindo o porta-luvas do carro, a garota puxou duas fotocópias amassadas e as passou rapidamente para Cirus e eu. Depois de uma rápida conferida na folha, percebi que o papel era a reprodução de um documento hospitalar, mais precisamente uma ficha de internação, no nome de ''Suzana N. Leniscky''.
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- Quem é Suzana N. Leniscky?
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- Ah, eu sabia que vocês iriam perguntar - Angel recostou-se em sua poltrona, e um tímido sorriso de triunfo brincou em seus lábios - Suzana N. Leniscky nada mais é do que a ''namorada-viúva'' de Alexander Morton.
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Cirus e eu nos encaramos por um breve momento.
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- Hum, claro - pigarreou meu pai, analisando mais um vez a ficha com afinco - Mas aqui não diz por que ela foi internada recentemente em uma ''Casa de Repouso''...
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Desta vez, eu consegui ligar os pontos mais rápido do que Cirus. Afinal, o que um responsável ''normal'' faria se sua filha chegasse em casa e falasse que estava tendo encontros esporádicos com o namorado morto?
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- Angel, acho que nós precisamos urgentemente conversar com Suzana N. Leniscky.
Nossa, CHOQUEI TOTAL agora... O.O
ResponderExcluirCalma que já chego nesse capítulo (parei no 7, estou sem tempo), mas até agora tudo o que tenho lido está 10, você é realmente muito bom (já devem ter dito isso para você).
ResponderExcluirMuito obrigado mais uma vez!
Consegui o Hush, Hush e vou começar a ler, mas foi bom você já ter me adiantado alguns pontos importantes da história, como o fato da Nora ser uma Néfilin, o que também aconteceria em minha história.
Realmente pelo que pude ler as histórias não são tão parecidas, tem pequenos pontos parecidos (pelo menos até onde li).
Ah, que legal! Mas você que cria as imagens das capas? (eu sou curioso).
Eu também sou um horror lendo na frente do computador, mas quando algo me interessa eu faça um esforço pra continuar lendo.
ResponderExcluirAgora eu vou ter que dar um tempinho na leitura de qualquer coisa para trabalhar nas modificações de TDA e do novo (não tão novo) roteiro do 1º livro da saga, ainda sem nome.
Posso pegar sua idéia de modificar imagens para fezer capas emprestada? Gostei dela!
Mais um capítulo surpreendente. Muito Bom Henri, parabéns !!!!!!!
ResponderExcluirAs coisas estão ficando mais nebulosas não?? O suspense aumenta a cada cap, ah e pelo visto isso vai longe...
ResponderExcluirBjs
Fico agradecido por indicar a Saga dos Anjos!!!
ResponderExcluirEstou quase chegando nesse capítulo (parei no 10), mas minha vida nada tão corrida que não tenho tido tempo para quase nada!
Oi, comecei a ler esses dias.
ResponderExcluirE esto achando mega interessante. Nunca tinha lido uma história deste genêro pela perspectiva masculina. É bem original isso.
Fora isso, a história tem todo esse suspense que deixa a gente querendo saber mais e mais.
Parabéns!
Demorei mas cheguei!!!
ResponderExcluirFinalmente agora estou aqui para comentar sobre ESSE capítulo.
Como dira a minha irmã OMG, como você nos deixa tanto tempo esperando??? Não tem pena das pobre almas que sobrevivem do seu capítulo [Deus, eu tenho que parar de andar com minha prima].
Ah, esqueci de te dizer, já tem um tempinho que coloquei o link daqui e do Fantástico Mundo de HenriB.Neto nos links do TDA e do "A Saga dos Anjos", OK?
Desculpa a demora pessoal, mas neste mês eu posto os capítulos 13 e 14, tudo bem?
ResponderExcluirposta os proximos capituloss!!!
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirVocê gosta de ler?
Então acho que você vai gostar do meu blog de livros:
Amor, Mistério e Sangue
Ele é especializado em Suspenses Românticos, mas de vez em quando eu falo sobre outros gêneros de livros também.
Quando puder, me faça uma visitinha e se quiser me seguir, eu vou adorar!